
Sabemos que as últimas palavras de alguém são muito importantes. Em suas últimas palavras, certamente alguém expressará aquilo que é prioridade, e aquilo que é a sua vontade. Por isso neste tempo de Páscoa, vamos nos enfocar nas Sete Palavras de Jesus na cruz, suas últimas falas antes de Sua morte, pois cada uma delas contém chaves para que vivamos em liberdade e vitória.
Antes de olharmos para essas 7 palavras de Jesus na cruz, lembremo-nos do contexto em que elas foram ditas.
Jesus come a santa ceia com seus discípulos, onde lava os pés deles em um ato de humildade e serviço. Ele ali institui a mesa do Senhor, partindo o pão e chamando-os a fazer isso continuamente em memória d’Ele. Da mesma forma Ele toma o cálice declarando que aquele é o Seu sangue que seria derramado por nós. Que também eles fizessem isso em memória d’Ele. Ele estava firmando uma aliança com seus discípulos e com a humanidade, através da mesa; ali Ele recebe os pecados da humanidade, nesta aliança, pelo qual ele morreria.
Nesta mesa estava sentado também Judas, que o trairia. Jesus também lavou seus pés e firmou também com ele aquela aliança, mesmo sabendo que ele o trairia. Depois de cantarem um hino, vão passar a noite no Getsemani, onde Ele passou por um momento dificílimo de dor, angústia, agonia mental, física e espiritual. O peso do pecado do mundo inteiro já estava sobre Ele, que se retira para orar. Enquanto isso seus discípulos dormem, tamanha opressão que estavam sentindo ali. Por três vezes Jesus os chama à vigiar e orar, mas eles não conseguiam.
Neste momento Jesus sente uma tristeza de morte, a ponto de suar gotas de sangue, tamanha aflição. Ele pede ao Pai que se possível passe d’Ele aquele cálice, contudo, seja feita a vontade do Pai. Mas não havia outra maneira. Ele teria que morrer por nossos pecados, de modo que Ele submete a sua vontade à vontade do Pai.
Depois disso vem a prisão e o julgamento. Judas, a quem Ele amava, vem e o trai com um beijo, entregando-o aos seus torturadores. Ele é levado diante de Pilatos, Herodes; é julgado injustamente, açoitado violentamente por chicotes munidos de portas cortantes, já capazes de matar. Seu corpo é dilacerado. Ele sofre o escárnio e a zombaria dos soldados romanos, que cospem e batem em seu rosto, colocando em sua cabeça uma coroa de espinhos pontiagudos. Arrancam-lhe as roupas, e o colocam a carregar a sua própria cruz, até o Gólgota, depois de ter passado por toda a sua tortura.
Então suas mãos e pés são traspassados por cravos que o prendem àquela cruz, e ali Ele é levantado entre dois ladrões, onde permanecerá por 6 horas, desde às 9h da manhã até as 3h da tarde, sofrendo a tortura e angústia da cruz. Ali o Filho de Deus é exposto de maneira humilhante diante de todos, despido de suas roupas diante das pessoas a quem Ele amava. A cada momento em que ele tentava respirar, seu diafragma se comprimia, e para conseguir tomar ar Ele precisava se apoias nos cravos das mãos e dos pés, causando-lhe dores insuportáveis.
É neste contexto, nesta realidade, que Ele vai expressar as suas últimas sete palavras. Mesmo nesta situação, veremos que suas últimas palavras demonstram amor, graça, e refletem a Sua natureza divina.
Essas são as Sete Palavras de Jesus na Cruz:
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“Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34)
Diante de seus algozes, torturadores e traidores, sua primeira palavra expressa perdão. A primeira palavra da cruz é uma palavra de perdão. Jesus não atribui a culpa àquelas pessoas, mas ainda atenua o que eles estavam fazendo, declarando que eles não sabiam o que estão fazendo. Este é um dos ensinos centrais que Jesus ensinou, por meio do Pai Nosso, onde mesmo depois de explicar, ao passar pelo amém, Ele volta ao tema do perdão, para reforçar este vital ensino — não há como ter perdão para você, se você não perdoar a seu irmão que pecou contra você.
‘― Pois, se perdoarem as transgressões uns dos outros, o Pai celestial também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não perdoará as transgressões de vocês.’ Mateus 6:14-15
Se não perdoamos, nossa oração não será ouvida por Deus. Vale a pena ser atormentado, viver distante de Deus, ter as suas orações não ouvidas por Deus, por causa de alguma coisa que alguém te fez no passado? A falta do perdão traz cadeias, escravidão. Se não há perdão, uma ferida é produzida em nossa alma, e esta produz mágoa, ressentimento, ira, ódio, rancor e muitos outros males, como tristezas, angústias, depressão e até mesmo enfermidades físicas.
A falta de perdão envenena o coração humano, e o perdão é o remédio para a cura. A falta de perdão é como um veneno mortal que alguém toma, esperando que o outro morra.
Muitas vezes, aquele que pecou nem se dá conta do mal que fez, enquanto o ofendido está ali padecendo, envenenado. A falta de perdão não faz mal ao outro, senão apenas ao que o retem.
Portanto, o perdão é o remédio que algumas vezes teremos que tomar; é uma decisão de fá que se toma em obediência a Deus, seguindo o exemplo de Jesus. Quando perdoamos, não é porque o outro merece, mas para que experimentemos a liberdade que Cristo nos proporcionou.
O perdão também não quer dizer que concordemos com o que o outro fez, ou que tenhamos que viver com aquela pessoa que quebrou a nossa confiança. Mas o perdão significa que simplesmente estamos liberando aquela pessoa, crendo que a retribuição ao pecado não pertence a nós, mas ao Senhor. Que da mesma forma como Cristo agiu, seja também a nossa atitude, com olhar de misericórdia.
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“Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23:43)
Jesus foi crucificado entre criminosos, e essas palavras de Jesus foram dirigidas a um dos ladrões que ali estavam, pois este demonstrava arrependimento, e reconhecia quem era Jesus.
Essa é uma palavra de salvação. Há perdão para o seu pecado, não importa qual ele seja. Nenhum de nós é digno, todos nós somos pecadores. Reconhecemos que não somos merecedores, mas a graça que Jesus veio nos dar é esse favor imerecido; nenhum de nós merecíamos, mesmo assim Sua graça nos foi dada.
Não importa o que você fez e viveu, há perdão para o seu pecado. Portanto pare de se defender, de se justificar, de dar desculpas, culpar a outros. Assuma as suas faltas, peça perdão humildemente diante de Deus, e você encontrará misericórdia e perdão. Abandone o seu pecado, e o Senhor nos diz que dos pecados Ele nem sequer se lembrará. Houve perdão para o ladrão que estava na cruz ao lado de Jesus, e há também perdão para cada um de nós.
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“Mulher, eis o teu filho! Filho, eis a tua mãe!” (Jo 19:26-27)
Maria, mãe de Jesus, estava ali, próxima à Cruz, e com ela também João, um dos discípulos mais próximos. Não é fácil imaginar o que Maria estava sentindo naquele momento. Como fora profetizado por Simeão, algo como uma espada estava atravessando seu coração. Maria provavelmente já estava viúva, e seus demais filhos não haviam crido em Jesus até o momento da cruz. Por isso Jesus providencia cuidado para sua mãe, com um de seus discípulos mais próximos, antes de subir ao Pai.
A Bíblia diz: “Honra teu pai e tua mãe” – esse é um mandamento. E era isso que Jesus estava fazendo ali.
Os filhos solteiros devem obedecer aos seus pais. Ao casar-se, ele deixa a cobertura dos seus pais para formar sua nova família; não lhes deve mais obediência, mas honra e cuidados. Jesus deixou cuidado e provisão para a sua mãe na cruz do calvário.
Os filhos devem cuidar de seus pais na velhice, e em caso de necessidade, os filhos devem estar ao lado dos seus pais, e devem honrá-los, assim como também fez Jesus, deixando o cuidado e provisão para sua mãe, na cruz do calvário.
E também é necessário aqui um equilíbrio, porque há também uma distorção do outro lado. Muitos pais continuam querem continuar exercendo controle na vida dos filhos, quando estes já são adultos e já estão casados. Os filhos são como flexas, que devem ser enviadas para cumprir seu próprio destino. Muitos pais não soltam seus filhos por causa dos seus próprios vazios emocionais. Muitos pais têm problemas no matrimônio, e colocam os filhos no lugar. Crie seus filhos para que sejam independentes, tanto emocionais como espirituais, e do seu matrimônio, pois um dia os filhos irão embora, mas o casal ficará.
Jesus não se casou, mas claramente viveu como um adulto responsável, tomando suas próprias decisões, olhando para o destino que Ele tinha. Jesus não se casou, mas tinha um compromisso com a Sua missão.
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“Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15:34)
Jesus sentiu-se abandonado pelo Pai celestial na cruz. O momento mais claro do dia, o meio-dia, fez-se noite. O Pai não pôde estar ao lado de Jesus naquele momento na cruz; Ele foi afastado do Pai pois carregava em si o pecado do mundo inteiro. O abandono e a rejeição é um grande mal, uma raiz maligna e profunda que produz muitas distorções.
‘Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.’ Isaías 53:3
As Escrituras apresentam Jesus como o mais desprezado entre os homens. Ele foi rejeitado por todos. A começar pelo futuro marido de Maria; Ele nasceu sob uma sentença de perseguição e morte, sofreu privações, nasceu onde nem uma hospedaria havia para eles. Seus irmãos não creram nele, exceto após a ressurreição. Foi rejeitado por seu próprio povo, pelos líderes religiosos, foi abandonado, negado e traído por seus próprios discípulos, e por todos, na cruz; Ele se sentiu abandonado até mesmo pelo Pai Celestial, quando estava ali naquela cruz. Esse era o cálice que ele tinha que beber. Por causa do pecado da humanidade, Ele teve que ser separado do Pai, e por isso, naquele momento, Ele clama esta declaração “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”.
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.’ Isaías 53:4-5
Há cura para sua rejeição, para suas feridas físicas e emocionais. Jesus Cristo foi o mais rejeitado dentre os homens, e Ele fez isso por você. Ele te amou tanto, que tomou este lugar em seu lugar, para que você saiba que é amado, aceito, e tenho muito valor para Deus. O Pai te ama com o mesmo amor que tem por Jesus: como a um filho amado.
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“Tenho sede!” (Jo 19:28)
‘A zombaria partiu‑me o coração; estou em desespero! Esperei por compaixão, e nada recebi; por consoladores, e a ninguém encontrei. Puseram fel na minha comida e para matar‑me a sede deram‑me vinagre.’ Salmos 69:20-21
Jesus aqui mostra a sua humanidade. Ele tem sede. O Deus que criou os mares veio a este mundo e sentiu todas as nossas dores. Ele nos compreende. Podemos nos identificar com Ele, porque Ele não está distante de nós. Ele compreende as nossas tentações, fraquezas e dores. No momento da dificuldade eu tenho quem buscar, e n’Ele encontrarei misericórdia. Ele compreende as minhas dores e fraquezas, e n’Ele podemos nos identificar.
‘pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer‑se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, ainda que sem pecado. Assim, aproximemo‑nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.’ Hebreus 4:15-16
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“Está consumado” (Jo 19:30)
A palavra grega usada no Evangelho para o termo “está consumado” é “Tetelestai”, e significa “está pago, está realizado, está cumprido” (objetivo realizado).
Aqui ele cumpre a sua missão. Ele não morreu na cruz por um acidente. Não foram os judeus nem os romanos. Essa era a sua missão, e o objetivo foi alcançado. A cruz era um lugar de vitória. A vitória sobre toda cadeia e grilhão foi consumada. Já não há mais dívida, culpa e escravidão. Tudo o que era necessário para que pudéssemos viver de maneira livre e digna fora providenciado ali na cruz.
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“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46)
No exato momento em que Jesus declara estas palavras, seu espírito é entregue ao Pai. O Centurião romano que ali estava declarou: “verdadeiramente este é o Filho de Deus”. Quem é este que tem autoridade sobre sua própria vida, e com uma palavra de sua boca entrega sua vida ao Pai. Jesus tem poder para dar a sua vida, e tomá-la de volta. Jesus tem poder sobre a morte, e Ele veio nos dar a vida Eterna. Portanto, a cada um de nós, não há o que te temer, nem ao menos à morte. Jesus é a ressurreição e a vida, e o que n’Ele crer, ainda que morra, viverá, não morrerá eternamente, mas viverá eternamente.
‘Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.’ Romanos 8:2
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Mensagem ministrada pelo apóstolo Fábio Bolzan, no domingo 20/04/2025. Assista abaixo essa mensagem: